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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tempo de Comemorar!

Postagem sugerida por Geni e Alício Simões 
do Jornal Correio D´Oeste!

 "O Saci", filmado em Ribeirão Bonito, Festeja 60 Anos!

O Saci
(Filmado  em Ribeirão Bonito)
Festeja
60 Anos!

Matéria publicada no Caderno 2
- O ESTADO DE SÃO PAULO - Segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Filme de Rodolfo Nanni inspirado na obra de Monteiro Lobato é homenageado no Amazonas Film Festival

LUIZ CARLOS MERTEN - O Estado de S.Paulo
07 de novembro de 2011 



Iniciado na quinta-feira com a exibição de Xingu, de Cao Hamburger, o Amazonas Film Festival homenageia hoje um jovem de 60 anos. Na verdade, como criação literária, ele é mais antigo, mas, no cinema, O Saci começou a nascer em 1951.
O que se comemora neste ano - o que o festival em Manaus festeja - é o cinquentenário do início das filmagens. E elas, apesar do empenho da equipe e da imensa rede de solidariedade que o produtor Arthur Neves e o diretor Rodolfo Nanni conseguiram criar, elas foram tão complicadas que o filme só estreou três anos mais tarde, no famoso festival com que São Paulo comemorou 400 anos.
Olhando hoje, retrospectivamente, para aquela época, Nanni pode dizer: "Como éramos jovens!". Nós, no plural. Ele nem acreditou. Recém chegado de Paris, onde fizera o curso de cinema do IDHEC, o jovem Nanni, aos 27 anos - nasceu em 1924 -, conheceu o sócio de Caio Prado Jr. na Editora Brasiliense, que detinha os direitos dos livros de Monteiro Lobato.
Arthur Neves estava decidido a levar os personagens do escritor para a tela. Ele começou a escrever o roteiro, que Rodolfo Nanni prosseguiu. E os personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo começaram a sair do papel, décadas antes da série infantil da Globo.
Nanni diverte-se, contando. "Eu comecei a escrever o roteiro a mão. Depois, meu irmão me deu uma daquelas maquininhas da Olivetti, uma Lettera 22. Conservo até hoje o roteiro, com todas as anotações de filmagem." Foi há 60 anos. As filmagens realizaram-se em Ribeirão Bonito, próximo a São Carlos.
"A cidade era pequenina, mas muito bonita, cheia de sítios. A população nos recebeu com todo carinho. Nos adotou, por assim dizer. O prefeito emprestou um galpão que estava abandonado e lá montamos um, estúdio, filmando os interiores do sítio, com móveis antigos que as pessoas nos davam."
Em Paris, Nanni conhecera outro jovem que também queria cursar cinema, um certo Nelson Pereira dos Santos, que depois iria adquirir uma importância extraordinária na história do cinema brasileiro.
Nelson está hoje na Academia Brasileira de Letras. Não se esqueceu do amigo Rodolfo Nanni. Convidou-o para exibir O Saci numa sessão para 200 crianças. "Foi emocionante. Elas vibraram como se o filme tivesse sido feito ontem." O segredo da longevidade, para Nanni, está no fato de o filme ser tão simples, e autêntico. Mesmo na era dos efeitos especiais, as crianças percebem isso e continuam amando O Saci.
Da equipe também participava um jovem crítico que ia virar diretor, sem nunca deixar de ser um grande historiador do cinema brasileiro: Alex Viany. "O único profissional era o Ruy Santos, um fotógrafo maravilhoso e que fez um trabalho incrível."
As imagens em preto e branco de O Saci continuam luminosas, frescas. "Veja que o filme nem precisou ser restaurado. Depositei a matriz na Cinemateca Brasileira e o negativo foi conservado quase incólume." Não faz muito tempo, o CTAV, Centro Técnico Audiovisual, lançou um DVD cheio de extras, do qual promete tirar agora mais mil cópias.
A exibição desta noite promete ser emocionante. "O compositor da trilha, Cláudio Santoro, era amazonense. Existe aqui em Manaus uma escola de música que leva o nome dele. Os alunos vão apresentar trechos da trilha", explica o diretor.
Ele não esquece seus atores. Olga Maria Amâncio, que fazia a Emília; Aristreia Paula Souza, a Narizinho; e Lívio Nanni, o Pedrinho. Lívio é sobrinho de Rodolfo, mas não foi o parentesco que lhe deu o papel.
"Fizemos muitos testes e ele eras o melhor. O Lívio é avô, formou-se como médico, mas sempre guardou um carinho muito grande pela experiências. Ele adorou ser ator." Hás tempos que Nanni não tem notícias de Aristreia. "Encontrei-a pela última vez nas comemorações dos 50 anos do filme. Ela era professora em Ubatuba."
O filme, um sonho de jovens, entrou para a história - 60 anos, já! Em 1953, antes das estreia brasileira, O Saci foi para Veneza, não para a Mostra d'Arte Cinematográfica, mas para o festival infantil, que havia, na época.
O Ministério das Relações Exteriores, que deverias transportar as cópias, atrasou a remessa e O Saci passou fora de concurso, quando o festival já acabara. "Tivemos críticas ótimas. Poderíamos ter vencido, quem sabe."
O Saci não foi premiado no Lido, mas venceu a batalha do tempo e ganhou outro... Saci, o prêmio com que o Estado destacava os melhores do cinema brasileiro nos anos 1950. Tudo o que Nanni gostaria agora é de comemorar o aniversário em São Paulo. "A Cinemateca Brasileira está querendo fazer uma sessão. Espero que se realize, em memória de tanta gente que ajudou a tornar o filme possível."

Fonte:



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