Oscar Niemeyer: O Nosso Gênio!
Folha - O que o sr.
pensa, por exemplo, quando cria esse prédio para Itaipu? O passado da
arquitetura tem algum peso?
Oscar Niemeyer - Penso no
terreno, no que existe em volta, no ambiente. Penso no programa... Quando eu
fiz Pampulha, fiz a primeira curva da igreja, na segunda mais alta, era porque,
o terreno, embaixo, pedia isso. Arquitetura e função são duas coisas que não
merecem discussão.
Quando eu vejo a sede do Partido [Comunista, o PCF], em Paris, e alguns anos
depois eles quiseram fazer o jornal ["L'Humanité", órgão oficial do
partido], eles me chamaram. Quando fiz a sede da editora Mondadori, nos
arredores de Milão, eles me chamaram para fazer um outro prédio no centro da
cidade. Quer dizer, os prédios funcionam, de modo que essa discussão de forma e
função é bobagem.
Eu faço uma arquitetura com muito cuidado. Quando chego a uma solução, começo a
escrever um texto descritivo, explico como é a arquitetura. Tanto que os meus
projetos são mais aprovados pelo texto do que pelos desenhos. Ninguém entende
de arquitetura, que é fantasia, e os detalhes principais, que nos emocionam,
porque são bonitos, são a base da boa arquitetura.
Ver surgir da folha branca do papel um palácio, um teatro, é uma coisa que
emociona...
Fonte da Entrevista:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1212200407.htm
POEMA DA CURVA
Não é o ângulo reto que me atrai,
Nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo o homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios,
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
O universo curvo de Einstein.
- Oscar Niemeyer
.